
Depois do ótimo livro que relatei anteriormente (Livros e Guias sobre Cartografia Básica) acabei de descobrir mais um:
Livro "Fundamentos de Orientação, Cartografia e Navegação"
Que possui o primeiro capítulo em PDF para apreciação do comprador em potencial.
Infelizmente fiquei extremamente decepcionado com o disponibilizado em PDF. Não foram disponibilizados os dados da edição e nem o índice de capítulos. No texto da página de venda é dito que "foi cuidadosamente editorado para resultar em uma peça gráfica de altíssimo padrão", porém no primeiro capítulo o que se vê são apenas imagens em preto e branco e com uma programação visual da editoração extremamente simples, que eu mesmo poderia ter feito. O livro "Guia de campo - Orientações e Mapas" que já falei a respeito dá um banho em relação ao visual, além de ir diretamente no que se precisa conhecer e aprender. Já nesse primeiro capítulo do novo livro o texto não é muito convidativo e por não ter índice fiquei com a impressão de que é um manual de uso de GPS.
A impressão que tive logo da primeira página não foi boa, pois transcrevem a primeira estrofe de "Os Lusíadas" de Camões sem maiores detalhes e colocam um selo em preto e branco sem explicações. E depois usam um texto de Jornada nas Estrelas e uma imagem muito ruim da Enterprise.
A seguir como eu colocaria (claro que em blog é possível o uso de tamanhos e cores com maior facilidade):
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“As armas e os barões assinalados,
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana;
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram...”
Os Lusíadas,
Canto I, Primeira Estrofe.
Luiz Vaz de Camões (1524-1580).
Camões não foi o primeiro a narrar em versos os feitos e as navegações do Homem. Muito antes dele Homero já o tinha feito. Porém, Camões é de nossa era, reflete parte de nosso passado, e Pedro Álvares Cabral, retratado com sua frota no selo acima, fez parte desse passado e se encaixa perfeitamente na estrofe. Passar pelo Brasil foi mero detalhe para ele. Seu objetivo era a Índia e daqui partiu para disparar seus canhões em Calecute. É importante mapear no imaginário do leitor de Camões a terra da Taprobana. Em 1979, com 14 anos, ainda sem internet e google tive certo trabalho para descobrir que se tratava do Ceilão, atual Sri Lanka e que "Ainda Além da Taprobana" se encontra Macau, antiga colônia portuguesa na China.

Do futuro ninguém sabe, mas quando criança eu queria ser astrônomo. Desisti porque a astrofísica não me interessava. Hoje sei que o que eu queria era ser cartógrafo estelar.

“O Espaço...
A fronteira final...
Estas são as viagens
da nave estelar Enterprise
em sua contínua missão
de explorar novos mundos,
buscar novas formas de vida
e novas civilizações...
Audaciosamente indo
onde homem algum jamais esteve...”
Texto de abertura dos episódios da série
clássica de Jornada nas Estrelas,
produzida por Gene Roddenberry e
muito popular na TV
nas décadas de 1960 e 1970.

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Bom, voltando ao blog, devo dizer que os trekkers que lerem na primeira página do livro em questão "nave estrelar Enterprise" e não "nave estelar Enterprise" como deve ser, vão se perguntar se não é uma nova receita de ovo estrelado....
Com relação a Taprobana, tenho a impressão que a grande maioria das pessoas (século XX em diante pelo menos) que chegaram a ler Camões não passaram das primeiras estrofes e nunca descobriram o que era Taprobana. E como o livro é sobre orientação e mapas....
O texto em si do primeiro capítulo é um pouco disperso. O autor mesmo comenta em certo trecho: "Mas, sem divagar muito, a questão-chave de todos os...."
Mas, sinceramente, acho que não conseguiu não divagar muito. Não é um capítulo muito encorajador a seguir lendo o livro.
Claro que vendo o livro inteiro a opinião pode mudar. Talvez o único problema seja o primeiro capítulo.
O livro dá grátis um cdrom com o programa TrackMaker e diversas outras coisas, mas você pode baixar gratuitamente da internet o TrackMaker em seu site. Clique Aqui.
[ ]s
Marco Antonio Perna
Eng. Cartógrafo.
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Marco Antonio Perna é engenheiro cartógrafo pela UERJ com mestrado em Sistemas e Computação pelo Instituto Militar de Engenharia. Possui experiência desde 1992 como consultor/analista de desenvolvimento em geoprocessamento (especialmente projeções, sistemas de coordenadas e processamento de imagens). Começou a trabalhar com informática em 1987 e hoje é analista de sistemas da Faculdade de Engenharia da UERJ, sendo responsável pelo desenvolvimento em internet em C, PHP, CSS, Javascript, HTML, MySql, Feed RSS, Javascript do Google Maps etc.
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