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Marco Antonio Perna é analista de sistemas e pesquisador, com mestrado em sistemas e computação. Desde 1997 pesquisa a dança de salão sendo o criador do portal Agenda da Dança de Salão Brasileira que no final do século 20 uniu os dançarinos brasileiros pela internet. É autor do livro "Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira", do livro "Dança de Salão Personagens e Fatos" e já escreveu artigos e textos de danca de salão para os Correios e para jornais de dança como: Dança e Saúde, jornal Dance, Dance News e Falando de Dança. Também escreveu artigo para o livro da coleção "As Melhores Dicas da Dança de Salão", da editora Delprado. Participou de congressos de dança de salão e promoveu seis edições do congresso Salão Rio Dança. Como dançarino de salão teve aula com Jaime Arôxa e seus instrutores e também com João Carlos Ramos da Cia. Aérea.
Domingo, 12 de maio de 2013, fui ao lançamento do documentário Favela Beat (Batuque da Favela) no morro do Cantagalo, entre Copacabana e Ipanema. A première foi no Bar Gilda, no alto do morro. E eu quase morri! De cansaço, subindo o morro a pé. Tenho que voltar a dançar...
Como ex-morador de Copacabana por décadas, mesmo sabendo da pacificação e da real calma do morro, a ideia de subir ainda mexia com lembranças de medos passados. Na década de 1970 subia-se a ladeira da Rua Saint Roman sem nenhum problema, lembro-me de passar por ela na época. Mas, já na década de 1980, não se podia nem pensar em fazer isso. Os moradores viviam a lei do silêncio. Morador de uma comunidade não podia entrar em outra. Hoje, outras comunidades, mesmo pacificadas, ainda têm tiroteios e lei do silêncio, mas apesar de ter sido um dos morros mais violentos da Zona Sul do Rio o Cantagalo vive novos tempos.
Foi nessa nova fase que a cineasta e fotógrafa (de dança) neozelandeza Rowena Baines foi apresentada à comunidade do Cantagalo, em 2012, pelo dançarino Patrick Carvalho. Rowena é apaixonada pela nossa cultura, especialmente por samba e lambada-zouk. Aliás, foi a lambada-zouk, que ela conheceu na Nova Zelândia, que motivou seu interesse pelo Brasil e sua primeira visita há dez anos. Desde então vem regularmente e fala nosso idioma fluentemente.
Com todo esse histórico de vida e a interação com a nossa dança de salão, ficou fácil para Rowena conhecer toda a vida cultural da comunidade e selecionar o que era realmente importante para seu documentário. Rowena tem o olhar do fotógrafo profissional e prova na filmagem e edição das imagens que tem também o olhar do cineasta. O resultado é um trabalho magnífico que nos faz rir, emocionar e ficar ligado durante toda a exibição (documentário não precisa ser monótono e Rowena prova isso). Ela explica que via reportagens e filmes sobre comunidades, falando do tráfico, tiroteios e outras coisas, com isso sentiu a necessidade de mostrar toda a cultura positiva que conheceu nesses dez anos de vindas ao Brasil e a comunidade do Cantagalo foi perfeita para isso.
O documentário surgiu como trabalho acadêmico de mestrado. Rowena precisava fazer um meia-metragem de pelo menos 25 minutos, além da dissertação. Mas o projeto do documentário deu tão certo que Rowena não pensou duas vezes em aumentar a duração e até o final deste ano pretende finalizar o Favela Beat como longa-metragem e apresentar nossa cultura em festivais de cinema pelo mundo. O título do trabalho acadêmico apresentado este ano na Universidade de Otago, Nova Zelândia, foi ”Samba and the Afro-Brazilian Favela Communities”.
Favela Beat entra nos salões de bailes populares de dança de salão para mostrar pessoas comuns e seus dramas cotidianos. Do baile sobe o morro e passeia por seus becos e vielas: mostra a inocência das crianças dançando funk, a roda de samba do povo e dos medalhões, a ginga do samba do malandro carioca na personificação do Zé Pilintra, participa dos ensaios de bateria de escola de samba, mostra a agilidade do jogo da capoeira e os passos elaborados do samba de gafieira em projetos sociais, para, então, descer o morro e vislumbrar o carnaval. Mas, se as histórias do presente estão lá, estão também as do passado, contadas por quem vivenciou ou escutou dos mais velhos e repassa aos mais jovens todas as dificuldades e glórias passadas. Favela Beat percorre o caminho trilhado por Rowena, que adentrou o baile e dele seguiu ao samba e depois ao carnaval e ao morro. É a rara visão de um cineasta sobre a dança de salão presente no samba e nas comunidades. A dança de salão raramente é abordada em documentários sobre samba e carnaval.
Em metade de uma hora Favela Beat resume a nata da cultura musical e de dança do Rio de Janeiro. No caso, a cultura proveniente do povo, dos morros, do asfalto e dos salões cariocas.
Já ia esquecendo. Após a première tivemos apresentações de vários grupos, dançarinos e cantores que participaram do filme. Um “must” a parte. E melhor do que ficar falando da première é vocês verem mais informações, fotos, artigos do Blog Falando de Dança e endereços oficiais do documentário nos links abaixo:
Versão em inglês (tradução de R.Baines). Samba and Batuque in the darkness of the Cinema
On Sunday, May 12, 2013, I went to the private screening of the documentary Favela Beat (Batuque da Favela) in the shantytown Cantagalo between Copacabana and Ipanema. The premiere was at Bar Gilda, up on the hill of the favela. And I almost died…of exhaustion from walking up the hill! I really have to start dancing again…
As a former resident of Copacabana for decades, even with the knowledge of the Police Pacification of the shantytowns or ‘favelas’ and current peace and quiet of the hill, the idea of going up there stirred memories of past fears. In 1970 one could go up the hill of Saint Roman Street with no problem. I remember going up there at that time. But by the 1980s, you could not even think of doing that. Residents lived ‘the law of silence’. Residents of one favela could not get into another. Today, other favelas, even pacified ones, still have shootings and the ‘law of silence’ but despite once being one of the most violent communities of the South Zone of Rio, Cantagalo is a changed place.
It was with this change that the New Zealand filmmaker and photographer (of dance) Rowena Baines was introduced to the favela of Cantagalo in 2012 by dancer Patrick Carvalho. Rowena is passionate about our culture, especially for samba and lambada-zouk. It was actually from an introduction to lambada-zouk in New Zealand, that her interest in Brazil stemmed and her first visit was ten years ago. Since then she returns to Brazil regularly and speaks our language fluently.
All this life experience and interaction with our Latin dancing made it easier for Rowena to understand the cultural life of the favela and select what was really important to her documentary. Rowena has the eye of a professional photographer and the filming and editing of the films’ sequences proved that she also has a filmmakers’ eye. The result is a magnificent piece of work that makes us laugh, cry and stay glued to the screen (documentaries don’t have to be monotonous and Rowena proves this). She explained that she has seen a lot of articles and films about favelas, which show drug trafficking, shootings and such, and for this reason she felt the need to show the positive culture that she has seen over the last ten years of coming to Brazil and shantytown Cantagalo was perfect for that.
The film emerged as academic work for her masters degree. Rowena had to do a short 25 minute film as well as a written dissertation. As the documentary project was so successful, Rowena did not think twice and decided to increase the duration of Favela Beat to a full feature, which will present our culture to film festivals around the world. The title of the scholarly work presented this year to the University of Otago, New Zealand, was “Samba and the Afro-Brazilian Favela Communities”.
Favela Beat enters the local dance scene showing common people and their daily dramas. It then climbs the hill of the favela and wanders through its alleys and lanes, shows the innocence of children dancing funk, samba jam circles, the swing of the samba danced by the famed hustler Ze Pilintra. It participates in samba school percussion training, shows the agility of capoeira game, steps of the samba de Gafieira social projects, then goes back down the hill for a glimpse of carnival. Not only are these present stories told but also stories from the past, told by those who experienced them or heard from their elders stories of past adversities and glories. Favela Beat follows the path trodden by Rowena, who entered the dance scene then followed samba to carnival and then up the hill to the favela. It is a rare sight to see a filmmaker speak about samba de Gafieira (Brazilian ballroom dancing) as part of the greater world of samba and the favelas. Samba de Gafieira is rarely discussed in documentaries about samba and carnival. In half an hour, Favela Beat sums up the cream of Rio de Janeiro’s music and dance culture. From favela culture to outside the favela and on the dance floor.
I almost forgot. After the premiere there were presentations from several groups of dancers and singers who participated in the film. A “must” part. And better than me talking about the premiere is for you to see more information, photos and articles and official documentary links below.
Rio, 17/05/2013
Marco Antonio Perna
Artigo publicado na edição 69 do jornal Falando de Dança, de junho de 2013:
http://issuu.com/dancenews/docs/ed_69_completa_para_leitura
Favela Beat - Post do Blog Falando de Dança
http://falandodedanca.blogspot.com.br/2013/05/cineasta-e-dancarina-da-nova-zelandia.html
Fotos do Dance a Dois
http://www.danceadois.com.br/favela-beat-filme-sessao-fechada-lancamento-brasil/
site oficial
www.favelabeat.com
Versão em inglês deste artigo no site do documentário Favela Beat
http://rowenabainesfilm.com/june-2013-article-in-a-brazilian-dance-magazine-about-favela-beat
Favela Beat - Trailer
http://vimeo.com/54566889
Favela Beat - Facebook
https://www.facebook.com/RowenaBainesSambaDocumentary
Favela Beat - Premiere
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.469528649791657.1073741827.282733781804479&type=3
Rowena Baines - Facebook
https://www.facebook.com/baines.rowena
Rowena Baines - Cineasta
http://rowenabainesfilm.com/
Rowena Baines - Fotografa
http://www.rowenabaines.com/
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Gostei muito de participar do documentário, que Rowena, fez.
Espero que tenha continuidade!
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